Eis que o assunto *desfralde* começa a ficar mais frequente na sua casa, na rodinha de mães e no grupo de WhatsApp. E nós sentimos um misto de liberdade (e economia hehe) com apuros e apreensão. Impossível saber o que está por vir… o desfralde pode ser tranquilo e rápido, como também pode ser bem chatinho e demorado :/

Mas, como ter a certeza de que seu(sua) filho(a) está pronto(a) para a retirada das fraldas?
Eu sugiro que a família converse com a escola para iniciarem essa trajetória juntos. Pelo menos aqui em casa, a colaboração da escola no desfralde dos meus dois filhos foi fundamental. Eu tinha certeza que meus pequenos estavam prontos para tirar a fralda e a escola me ajudou a ter essa percepção.
Antes de tudo, o importante é respeitar o ritmo de cada criança. De acordo com a psicoterapeuta infantil Joana Petrilli, a idade isoladamente não é um bom indicador de que a criança está pronta para a retirada das fraldas.
Convidei Joana Petrilli, que trabalha há 15 anos com crianças e adultos em psicoterapia, para falar sobre esse momento tão delicado – não só na vida dos pequenos, mas da família toda. Vale muito a pena ler o artigo abaixo, que está riquíssimo em informações sobre o desfralde!
A partir de que idade a criança está pronta para o desfralde?
Por Joana Petrilli
De maneira geral a cultura ocidental parece ter “imposto” a exigência de que este controle se faça a partir dos dois anos de idade, contribuindo muitas vezes para transformar esta questão em um problema.
Alguns estudos relatam que nos países em desenvolvimento pode ser observado uma idade cada vez mais tardia e apontam para o fato de que ao ser observado o processo natural para esta aquisição, a maior parte das crianças adquiriram controle total (não necessitam mais das fraldas durante o dia ou à noite) ao redor dos 3 anos e meio, até quatro anos. Consideramos controle adquirido quando a criança consegue reconhecer a necessidade, nomear, ir ao banheiro e limpar-se de forma autônoma, regularmente.
No ritmo de vida que levamos, aguardar que cada criança faça ao seu modo e no seu tempo não é tarefa óbvia. É difícil para as famílias transitarem entre a velocidade do tempo que vivem a rotina diária e o tempo da paciência e persistência necessárias para a construção de laços afetivos tão fundamentais na criação das crianças. Ficamos diante das cobranças sociais, regras da escola, recomendações do pediatra e a lida com os escapes, sem falar no alto custo financeiro das fraldas. Assim, é frequente “perdermos o timing”, acelerarmos ou mesmo não estarmos abertos para perceber os sinais do que ela já pode e faz sozinha, desencorajando-os neste lindo processo que é o crescimento e a aquisição de autonomia.
A auto estima (o que as crianças pensam e sentem sobre si mesmas e suas habilidades para cumprirem diferentes tarefas) desempenha um papel importantíssimo no desenrolar deste processo. Ela se desenvolve dentro de uma interação dinâmica entre o temperamento inato da criança e as forças do meio ambiente que respondem a ela. Expectativas apropriadas que acolhem o tempo da criança e de cada família podem facilitar a interação pais-criança, pais-escola, escola-criança e etc assim um ambiente propício para o desenvolvimento físico, cognitivo e emocional saudável.
Podemos criar um problema quando exigimos que as crianças resolvam situações que não estão ainda em condições físicas ou emocionais para resolver. Acompanhar é perceber o outro, é acolher, auxiliar, legitimar, reforçar positivamente, motivar, ser uma referência respeitar e ter paciência, tornando o ambiente propício para os processos acontecerem.
Deste modo, é importante que pais e comunidade cuidadora (escola, creche, família e profissionais) possam se oferecer como uma grande retaguarda balizadora, que acompanha e apoia um processo que ocorre naturalmente. O tempo deve passar necessariamente pelo reconhecimento do funcionamento do próprio corpo e a maturidade neurobiológica e emocional para o controle.
Algumas dicas podem facilitar a percepção de que a criança está em processo de desfralde, auxiliando os adultos neste acompanhamento.
Sobre os sinais da criança:
– percebe a vontade de fazer xixi e cocô e consegue comunicar .
– pode adiar esta necessidade ainda que por poucos instantes (controlar a musculatura do intestino e da bexiga).
– se interessa pelo banheiro e consegue ficar sentada no vaso ou penico.
– consegue entender o que quer e o que se espera dela quando conduzida ao banheiro.
– Pede para tirar a fralda ou o faz as necessidades sozinha.
– Cooperativa e interessada no assunto.
O adulto:
– quando os sinais corporais ou verbais aparecem, pode ajudar a nomear com expressões simples à necessidade( as crianças nesta idade também estão aprendendo a falar ).
– Preparar o espaço do banheiro de forma segura, de fácil acesso e convidativo para a criança.
– É efetivo reforçar os sucessos e não punir os fracassos.
– A compreensão e incentivo do adulto é fundamental. Sendo assim, buscar parceiros e informação para se manter motivado é importante, pois pode ser um processo também cansativo para os papais, principalmente quando se prolonga.
No próximo post, a psicoterapeuta Joana Petrilli dará dicas de alguns livros que podem ajudar a criança e os pais no processo do desfralde.
O que você achou? Como foi ou como está sendo a retirada de fraldas na sua casa?